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sábado, 10 de setembro de 2011

Bullying: quem sofre?

Nestes dias tenho me visto bastante diante do assunto de bullying, e resolvi compartilhar algumas reflexões.

Este assunto tem recebido uma atenção de certa forma inédita, tanto entre o público geral quanto na mídia. Escolas oferecem palestras para esclarecer o conceito de bullying e o que pode ser feito a respeito; famílias se assustam com histórias que ocorrem entre crianças, nas escolas, nos clubes, nos grupos, e temem pela segurança dos seus filhos, torcendo para que eles não virem as próximas “vítimas” deste fenômeno; e crianças e adolescentes ficaram mais atentos e alertas, muitos temendo que ocorra algo parecido com eles, outros reconhecendo para si mesmos que talvez isto já tenha ou esteja acontecendo com eles também…

Algumas pessoas declaram: “é a nova moda”. Outros ponderam: “isto sempre aconteceu, mas não se falava disso”. Alguns preferem diminuir a importância: “aconteceu com muitos de nós, mas e daí, sobrevivemos, não?!”.

O que podemos pensar a partir deste inédito interesse no assunto? Será que sabemos dizer e reconhecer o que é o tal fenômeno de bullying? O que muda em nossa vida? O que tiramos disto? Primeiro de tudo é importante diferenciar o fenômeno de bullying de outros comportamentos infantis e infanto-juvenis, que apesar de ser desagradáveis ou até agressivos, não necessariamente se qualificam como bullying.

Bullying tem sido definido como padrões de comportamento agressivo e repetitivo com o objetivo de prejudicar alguém. Inicialmente definido em relação a crianças e adolescentes, tem sido também inclusivo a adultos, em ambientes de trabalho, em família (entre irmãos ou entre familiares), entre professores e alunos, ou até entre vizinhos ou membros de comunidades.

É importante notar que esta nova leitura, compreensão e nomeação de um fenômeno que de fato sempre ocorreu na história da humanidade, tem permitido um reconhecimento das consequências e do sofrimento das vítimas de bullying, consequências que vão de aspectos emocionais – baixa auto-estima, insegurança, pensamentos persecutórios, ansiedade, medo de lugares e pessoas novas, depressão, até ideias suicidas – a sintomas físicos, como dores de cabeça e estômago, perda de apetite, sudorese, batimentos cardíacos acelerados, dores generalizadas, mal-estar, ataques de angústia, insônia, e assim por diante. Mas também tem sido mais e mais reconhecido que não sofrem apenas as vítimas diretas do bullying!

São necessariamente três grupos de pessoas que participam deste fenômeno, a saber: os agressores, as vítimas, e as testemunhas, ou platéias. As vítimas, como descrito acima, sofrem pelas agressões, pela impotência, pela auto-segurança… Mas as testemunhas também sofrem ao se ver diante da própria impotência – seja de se defender (qualquer um pode ser a próxima vítima) ou de defender o próximo.

Alguns tentam defender colegas, amigos, familiares – às vezes com sucesso, pois os agressores, quando sentem-se em desvantagem, muitas vezes ficam acuados e desistem da agressão. Outros se defendem posicionando-se de forma neutra ou até participativa às agressões, na tentativa de não virar a próxima vítima. Finalmente, é importante notar também que os agressores muitas vezes agridem, provocam, são violentos, porque de alguma forma estão sofrendo, e o fazem como forma de “descontar” seu sofrimento; ou de “esconder”, mascarar, para si e/ou para os outros o que lhe incomoda, e que algo que faz sofrer.

O fato é que esse comportamento pode e deve ser entendido como um sinal de que algo não está bem, e precisa ser resolvido, encarado. Com isso não quero dizer que temos que aceitar o comportamento de bullying, ou simplesmente desculpar os agressores. Mas precisamos entender que TODOS SOFREM com esta situação! E não basta separar os agressores, se distanciar, taxá-los de maus ou rejeitá-los.

De fato, muitas vezes as pessoas acabam assumindo diferentes destas posições – de agressor, vítima, testemunha – em diferentes situações. Quantos de nós já não participamos, consciente ou incidentalmente, de rechaçamentos grupais, seja de indivíduos ou de grupos? Um chefe que não era tolerado…

Um membro da família “pego para santo”, por suas atitudes irritantes, tidas como diferentes ou contra a “cultura” do grupo… Uma criança difícil… Um adolescente difícil… Portanto, é importante compreender o fenômeno de forma dinâmica – quem se posiciona de que forma nesta situação? Por que? O que sinaliza? E mais importante: Como podemos acolher o sofrimento de cada um envolvido nestas situações, e como ajudá-los a mudar de comportamento e diminuir o sofrimento? Uma mensagem há de ser clara: a agressão, a provocação, a discriminação deve ser INTOLERÁVEL, INACEITÁVEL!

Não podemos “acolher” o comportamento discriminatório! Mas acolhemos as pessoas envolvidas, acolhemos o sujeito por trás do comportamento inaceitável. Voltamos ao conceito de AMOR COM FIRMEZA – amar não é aceitar tudo. Amar dá trabalho! Mas o resultado vale a pena!

Grande abraço a tod@s, Sheila Skitnevsky Finger Instituto do Amor

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