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domingo, 6 de novembro de 2011

Análise Socrática dos Tempos Atuais

Análise Socrática dos Tempos Atuais

Frei Betto 

Encontrei Daniela, 10 anos, no elevador, às nove da manhã, e perguntei: "Não foi à aula?" Ela respondeu: "Não, tenho aula à tarde". Comemorei: "Que bom; então, de manhã, você pode brincar, dormir até mais tarde". "Não", retrucou ela, "tenho tanta coisa de manhã..." "Que tanta coisa?", perguntei. "Aulas de inglês, de balé, de pintura, piscina", e começou a elencar seu programa de garota robotizada. 


Fiquei pensando: "Que pena", a Daniela não disse: "Tenho aula de meditação!" 

Estamos construindo super-homens e super-mulheres, totalmente equipados, mas emocionalmente infantilizados. 

Uma progressista cidade do interior de São Paulo tinha, em 1960, seis livrarias e uma academia de ginástica; hoje, tem sessenta academias de ginástica e três livrarias! Não tenho nada contra malhar o corpo, mas me preocupo com a desproporção em relação à malhação do espírito.


Acho ótimo, vamos todos morrer esbeltos: "Como estava o defunto?". "Olha uma maravilha, não tinha uma celulite!" Mas como fica a questão da subjetividade? Da espiritualidade? Da ociosidade amorosa? 

A palavra hoje é "entretenimento"; domingo, então, é o dia nacional da imbecilização coletiva. Imbecil o apresentador, imbecil quem vai lá e se apresenta no palco, imbecil quem perde a tarde diante da tela. 

Como a publicidade não consegue vender felicidade, passa a ilusão de que felicidade é o resultado da soma de prazeres: "Se tomar este refrigerante, vestir este tênis, usar esta camisa, comprar este carro, você chega lá!" O problema é que, em geral, não se chega! Quem cede desenvolve de tal maneira o desejo, que acaba precisando de um analista. Ou de remédios. Quem resiste, aumenta a neurose. 

O grande desafio é começar a ver o quanto é bom ser livre de todo esse condicionamento globalizante, neoliberal, consumista. Assim, pode-se viver melhor. Aliás, para uma boa saúde mental três requisitos são indispensáveis: amizades, autoestima, ausência de estresse. 

Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno. Na Idade Média, as cidades adquiriam status construindo uma catedral; hoje, no Brasil, constrói-se um shopping Center. É curioso: a maioria dos shoppings centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingo. E ali dentro sente-se uma sensação paradisíaca: não há mendigos, crianças de rua, sujeira pelas calçadas...

Entra-se naqueles claustros ao som do gregoriano pós-moderno, aquela musiquinha de esperar dentista. Observam-se os vários nichos, todas aquelas capelas com os veneráveis objetos de consumo, acolitados por belas sacerdotisas.

Quem pode comprar à vista, sente-se no reino dos céus. Se deve passar cheque pré-datado, pagar a crédito, entrar no cheque especial, sente-se no purgatório. Mas se não pode comprar, certamente vai se sentir no inferno... Felizmente, terminam todos na eucaristia pós-moderna, irmanados na mesma mesa, com o mesmo suco e o mesmo hambúrguer do Mc Donald...

Costumo advertir os balconistas que me cercam à porta das lojas: "Estou apenas fazendo um passeio socrático." Diante de seus olhares espantados, explico: "Sócrates, filósofo grego, também gostava de descansar a cabeça percorrendo o centro comercial de Atenas. Quando vendedores como vocês o assediavam, ele respondia:"


- "Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz !" 



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ONU honra trabalho de alfabetizador cubano


[Margarita Barrios, tradução do Diário Liberdade] Graças ao método de literacia «Eu, sim posso», que se aplica em 28 países de todos continentes, cerca de cinco milhões de pessoas aprenderam a ler e escrever.
O contributo desinteressado dos cubanos para erradicar o analfabetismo no mundo foi reconhecido pela UNESCO, em 2006, com o Prémio de Literacia Rei Sejong.

O método, criado por pedagogos cubanos, adapta-se aos diversos contextos sociais, culturais e étnicos onde é aplicado, foi traduzido para vários idiomas e para alargar sua eficácia emprega os meios audiovisuais.

No ato pelo Dia Internacional da Literacia, Herman van Hooff, diretor do Escritório Regional de Cultura para a América Latina e as Caraíbas da UNESCO, com sede em Havana, precisou que no mundo de hoje 793 milhões de adultos são analfabetos, enquanto 67 milhões de meninos em idade escolar não assistem à escola e 72 milhões de adolescentes não vão à secundária básica, o qual pode propiciar uma nova geração de analfabetos.

Van Hooff recordou que no próximo dezembro Cuba festejará o aniversário 50 de ser declarada território livre de analfabetismo.

Por tal motivo, a ocasião foi propícia para homenagear Armando Hart, quem desempenhava a função de ministro da Educação nos momentos em que se realizou a Campanha, bem como a um grupo de alfabetizadores, em representação dos milhares de voluntários que participaram naquela gesta.

Rafael Polanco, presidente da Sociedade Cultural José Martí, qualificou a campanha de literacia cubana como uma grande proeza protagonizada pelo povo e conduzida por Fidel.

No ato encontravam-se presentes Ena Elsa Velázquez Cobiella, ministra de Educação; Kenia Serrano, presidenta do Instituto Cubano de Amizade com os Povos, entre outras personalidades da cultura, a política e a ciência.



Foto: Armando Hart, ministro da Educação na altura da campanha alfabetizadora do povo cubano.

Fonte: http://www.diarioliberdade.org/index.php?option=com_content&view=article&id=19557:onu-honra-trabalho-alfabetizador-cubano-durante-o-ultimo-meio-seculo&catid=283:linguaeducacom&Itemid=185