Mensagem

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Eles perderam”, com polvo e tudo



Analisando o excelente trabalho de Gilberto Maringoni com as capas da revista Veja, publicado na Carta Maior – que deveria ser material didático nas escolas de Jornalismo –, Rodrigo Vianna se espantou. Apesar de tudo, “eles perderam”, concluiu o colega. Apostaram todas as fichas, absolutamente todas as fichas — e perderam. Nem o polvo maluco, que em 2010 atacou durante três semanas consecutivas, os salvou.
Mas, considerando o tema, não foi o único símbolo disso no dia de hoje. Na Cinelândia, 2.500 pessoas compareceram à manifestação contra a corrupção. É louvável que este grande número de pessoas saia às ruas para combater um problema gravíssimo no Brasil. Em todas as esferas, em todos os meios. O Brasil é, sim, um país extremamente corrupto.
Mas isso não deixa de demonstrar que é bastante limitada a capacidade de mobilização do maior grupo de mídia do Brasil. A Globo se dedicou de tal forma a promover a manifestação — no rádio, na TV, no jornal, sem contar o notável apoio de um grande número de parceiros — que podemos medir a influência política dela pelo público que compareceu ao evento com a garantia de que teria uma imensa cobertura midiática. Evento no Rio de Janeiro, cidade-sede das Organizações Globo.
Seja como for, parabéns a todos os que compareceram.

A Globo mutilou um belo momento de coragem de um militante do bom jornalismo, responsável, apartidário, e que travou com a jornalista Eliane Cantanhêde um diálogo que  constitui um dos mais completos diagnósticos da crise por que passa a grande imprensa brasileira.
Globo mutilou um belo momento de coragem de um militante do bom jornalismo, responsável, apartidário, e que travou com a jornalista Eliane Cantanhêde um diálogo que constitui um dos mais completos diagnósticos da crise por que passa a grande imprensa brasileira.


 
Fonte: | Blo| Blog da Cidadania http://www.blogcidadania.com.br/

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Capivari- Silva Jardim - Brasil e suas 63 moedas locais.

Brasil e suas 63 moedas locais viram capa do ‘Wall Street Journal’
20 de setembro de 2011

Sílvio Guedes Crespo


As 63 moedas que circulam no Brasil, sem contar o real, foram tema de reportagem de capa do diário americano “The Wall Street Journal”. O recém lançado CDD, da Cidade de Deus, é apenas mais uma divisa que segue uma tendência iniciada nos anos 1990.

As divisas locais têm-se proliferado País adentro, em regiões pobres que tentam incentivar a população a não gastar todo o dinheiro fora, conta o correspondente do jornal, Paulo Prada.

O jornalista se concentrou no exemplo do município de Silva Jardim (RJ), em que a moeda local, o capivari, dá desconto no comércio da cidade. O incentivo tem dado resultado.

A dona de uma loja conta que um cliente, antes de fazer uma compra de R$ 2.700, foi trocar reais por capivaris e, com isso, ganhou 5% de desconto na venda.
O proprietário de um supermercado afirma que 12% do seu faturamento já é em capivaris. A dona de uma loja de telhas diz que paga parte do salário dos funcionários na moeda local.

Para administrar a moeda local, existe o Banco Capivari, que guarda um real para cada capivari colocado em circulação. O câmbio é de um para um.

A primeira moeda local a circular no País foi a palma, no bairro de Conjunto Palmeiras, em Fortaleza, em 1998. Na ocasião, a iniciativa preocupou o Banco Central. Mas o responsável pela ideia, o ex-seminarista Joaquim Melo, argumentou que a moeda estava atrelada ao real e que funcionava como qualquer cupom usado legalmente por instituições ou empresas.



Fonte:http://blogs.estadao.com.br/radar-economico/2011/09/20/brasil-e-suas-63-moedas-viram-capa-do-wall-street-journal/

domingo, 18 de setembro de 2011

10 dicas para escrever melhor




Tradução adaptada:

1.Corte as partes chatas: desenvolva a sensibilidade para descobrir quais partes de seu próprio texto você pularia. Provavelmente o leitor também faria o mesmo. Se é uma parte essencial, então está mal escrita: reescreva; se não for essencial, corte.

2.Corte as palavras desnecessárias: não afirme nunca que uma coisa é interessante ao seu leitor. Se for interessante de fato, o seu leitor é inteligente o suficiente para perceber isso. O mesmo vale para adjetivos, advérbios e afins. Um substantivo bem colocado vale muito mais que tais categorias gramaticais. (Agora leia com as palavras cortadas e perceba como faz sentido).

3.Escreva com paixão: se você não estiver interessado no que você escreve, quem estará?

4.Desenhe com palavras: não afirme que uma coisa é interessante ou importante. Dê os dados necessários para que o leitor descubra isso sozinho. Não diga que o luar é bonito: explique como ele atravessa a vidraça, abraça a madeira dos móveis e projeta uma luz levemente azul, sem calor, na parede branca como se fosse a tela de um filme prestes a começar.

5.Escreva simples: as artes japonesas são boas nisso. Hai-kais são curtos e conseguem desenhar cenas inteiras. Samurais resolviam lutas complexas com poucos golpes de espada. Diga o necessário, diga rápido, diga tudo.

6.Escreva porque você gosta: se você não gosta, de nada adiantará. Se você fizer isso sem esperar nada em troca, em algum momento talvez alguém ofereça algo. Se não oferecerem, ao menos você está fazendo algo de que gosta.

7.Saiba quando aceitar a rejeição e quando rejeitar a aceitação: quando você publica escritos seus está sujeito aos elogios e às críticas desmedidas. Saiba lidar com as duas situações.

8.Escreva, escreva, escreva: se você escreve em seu blog uma vez por mês, as chances de que seu estilo melhore são menores do que se você escrever todos os dias. Isso nem sempre é verdade, mas quantidade conduz à qualidade.

9.Escreva sobre o que você sabe e sobre o que você quer saber: a primeira parte dessa afirmativa diz respeito à especialização. Se você é uma autoridade em um assunto, seu texto vai fluir melhor e transmitir domínio. A segunda parte diz respeito ao desejo dessa autoridade.

10.Seja único: ouse experimentar novos estilos. Seguindo o que já deu certo, você repetirá fórmulas.



Fonte:Artigo: The Art of Writing: 10 Tips from the Masters.

Educação: Reprova um artigo da Lya Luft




Há quem diga que sou otimista demais. Há quem diga que sou pessimista. Talvez eu tente apenas ser uma pessoa observadora habitante deste planeta, deste país. Uma colunista com temas repetidos, ah, sim, os que me impactam mais, os que me preocupam mais, às vezes os que me encantam particularmente. Uma das grandes preocupações de qualquer ser pensante por aqui é a educação.

Fala-se muito, grita-se muito, escreve-se, haja teorias e reclamações. Ação? Muito pouca, que eu perceba. Os males foram-se acumulando de tal jeito que é difícil reorganizar o caos.

Há coisa de trinta anos, eu ainda professora universitária, recebíamos as primeiras levas de alunos saídos de escolas enfraquecidas pelas providências negativas: tiraram um ano de estudo da meninada, tiraram latim, tiraram francês, foram tirando a seriedade, o trabalho: era a moda do “aprender brincando”.

Nada de esforço, punição nem pensar, portanto recompensas perderam o sentido. Contaram-me recentemente que em muitas escolas não se deve mais falar em “reprovação, reprovado”, pois isso pode traumatizar o aluno, marcá-lo desfavoravelmente.

Então, por que estudar, por que lutar, por que tentar?
De todos os modos facilitamos a vida dos estudantes, deixando-os cada vez mais despreparados para a vida e o mercado de trabalho. Empresas reclamam da dificuldade de encontrar mão de obra qualificada, médicos e advogados quase não sabem escrever, alunos de universidades têm problemas para articular o pensamento, para argumentar, para escrever o que pensam.

São, de certa forma, analfabetos. Aliás, o analfabetismo devasta este país. Não é alfabetizado quem sabe assinar o nome, mas quem o sabe assinar embaixo de um texto que leu e entendeu.

Portanto, a porcentagem de alfabetizados é incrivelmente baixa.
Agora sai na imprensa um relatório alarmante. Metade das crianças brasileiras na terceira série do elementar não sabe ler nem escrever. Não entende para o que serve a pontuação num texto.

Não sabe ler horas e minutos num relógio, não sabe que centímetro é uma medida de comprimento. Quase a metade dos mais adiantados escreve mal, lê mal, quase 60% têm dificuldades graves com números.

Grande contingente de jovens chega às universidades sem saber redigir um texto simples, pois não sabem pensar, muito menos expressar-se por escrito. Parafraseando um especialista, estamos produzindo estudantes analfabetos.
Naturalmente, a boa ou razoável escolarização é muito maior em escolas particulares: professores menos mal pagos, instalações melhores, algum livro na biblioteca, crianças mais bem alimentadas e saudáveis – pois o estado não cumpre o seu papel de garantir a todo cidadão (especialmente a criança) a necessária condição de saúde, moradia e alimentação.

Faxinar a miséria, louvável desejo da nossa presidenta, é essencial para nossa dignidade. Faxinar a ignorância – que é uma outra forma de miséria – exigiria que nos orçamentos da União e dos estados a educação, como a saúde, tivesse uma posição privilegiada. Não há dinheiro, dizem.

Mas políticos aumentam seus salários de maneira vergonhosa, a coisa pública gasta nem se sabe direito onde, enquanto preparamos gerações de ignorantes, criados sem limites, nada lhes é exigido, devem aprender brincando. Não lhes impuseram a mais elementar disciplina, como se não soubéssemos que escola, família, a vida sobretudo, se constroem em parte de erro e acerto, e esforço.

Mas, se não podemos reprovar os alunos, se não temos mesas e cadeiras confortáveis e teto sólido sobre nossa cabeça nas salas de aula, como exigir aplicação, esforço, disciplina e limites, para o natural crescimento de cada um?

Cansei de falas grandiloquentes sobre educação, enquanto não se faz quase nada. Falar já gastou, já cansou, já desiludiu, já perdeu a graça. Precisamos de atos e fatos, orçamentos em que educação e saúde (para poder ir a escola, prestar atenção, estudar, render e crescer) tenham um peso considerável: fora isso, não haverá solução. A educação brasileira continuará, como agora, escandalosamente reprovada.





(Lia Luft - Fonte: http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/secao/feira-livre/)
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Depoimento




Fonte: Youtube

Trecho do Filme Os Delírios de Consumo, autor Becky Bloom.




Vale a pena conferir! Uma bela reflexão sob o tema consumismo.

Natalícia

Fonte: YouTube

Consumismo Infantil

Na internet, existem vídeos sobre esse tema, algo que tem preocupado diversos setores sociais. Enquanto muitas empresas se dizem socialmente responsáveis, estimulam o consumismo infantil e a violência juvenil. Então a questão que se apresenta é "como combater isso?"

Um dos vídeos que trata do tema é o seguinte:







Fonte: YouTube

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Quem cuida de Quem? Peter Burke

Cada vez mais ouvimos, especialmente em filmes de Woody Allen, “I care about you” (eu me preocupo com você), quando o sentido mais próprio seria “gosto de você” ou mesmo “eu te amo”. Quando e por que o gostar do outro incorporou essa ideia de cuidado, de preocupação com o que o outro faça ou sofra?




Quem cuida de quem? from cpfl cultura on Vimeo.





Peter Burke é historiador e foi professor de História das Ideias na School of European Studies, da Universidade de Essex, e deu aulas por dezesseis anos na própria Universidade de Sussex.

domingo, 11 de setembro de 2011

sábado, 10 de setembro de 2011

Bullying: quem sofre?

Nestes dias tenho me visto bastante diante do assunto de bullying, e resolvi compartilhar algumas reflexões.

Este assunto tem recebido uma atenção de certa forma inédita, tanto entre o público geral quanto na mídia. Escolas oferecem palestras para esclarecer o conceito de bullying e o que pode ser feito a respeito; famílias se assustam com histórias que ocorrem entre crianças, nas escolas, nos clubes, nos grupos, e temem pela segurança dos seus filhos, torcendo para que eles não virem as próximas “vítimas” deste fenômeno; e crianças e adolescentes ficaram mais atentos e alertas, muitos temendo que ocorra algo parecido com eles, outros reconhecendo para si mesmos que talvez isto já tenha ou esteja acontecendo com eles também…

Algumas pessoas declaram: “é a nova moda”. Outros ponderam: “isto sempre aconteceu, mas não se falava disso”. Alguns preferem diminuir a importância: “aconteceu com muitos de nós, mas e daí, sobrevivemos, não?!”.

O que podemos pensar a partir deste inédito interesse no assunto? Será que sabemos dizer e reconhecer o que é o tal fenômeno de bullying? O que muda em nossa vida? O que tiramos disto? Primeiro de tudo é importante diferenciar o fenômeno de bullying de outros comportamentos infantis e infanto-juvenis, que apesar de ser desagradáveis ou até agressivos, não necessariamente se qualificam como bullying.

Bullying tem sido definido como padrões de comportamento agressivo e repetitivo com o objetivo de prejudicar alguém. Inicialmente definido em relação a crianças e adolescentes, tem sido também inclusivo a adultos, em ambientes de trabalho, em família (entre irmãos ou entre familiares), entre professores e alunos, ou até entre vizinhos ou membros de comunidades.

É importante notar que esta nova leitura, compreensão e nomeação de um fenômeno que de fato sempre ocorreu na história da humanidade, tem permitido um reconhecimento das consequências e do sofrimento das vítimas de bullying, consequências que vão de aspectos emocionais – baixa auto-estima, insegurança, pensamentos persecutórios, ansiedade, medo de lugares e pessoas novas, depressão, até ideias suicidas – a sintomas físicos, como dores de cabeça e estômago, perda de apetite, sudorese, batimentos cardíacos acelerados, dores generalizadas, mal-estar, ataques de angústia, insônia, e assim por diante. Mas também tem sido mais e mais reconhecido que não sofrem apenas as vítimas diretas do bullying!

São necessariamente três grupos de pessoas que participam deste fenômeno, a saber: os agressores, as vítimas, e as testemunhas, ou platéias. As vítimas, como descrito acima, sofrem pelas agressões, pela impotência, pela auto-segurança… Mas as testemunhas também sofrem ao se ver diante da própria impotência – seja de se defender (qualquer um pode ser a próxima vítima) ou de defender o próximo.

Alguns tentam defender colegas, amigos, familiares – às vezes com sucesso, pois os agressores, quando sentem-se em desvantagem, muitas vezes ficam acuados e desistem da agressão. Outros se defendem posicionando-se de forma neutra ou até participativa às agressões, na tentativa de não virar a próxima vítima. Finalmente, é importante notar também que os agressores muitas vezes agridem, provocam, são violentos, porque de alguma forma estão sofrendo, e o fazem como forma de “descontar” seu sofrimento; ou de “esconder”, mascarar, para si e/ou para os outros o que lhe incomoda, e que algo que faz sofrer.

O fato é que esse comportamento pode e deve ser entendido como um sinal de que algo não está bem, e precisa ser resolvido, encarado. Com isso não quero dizer que temos que aceitar o comportamento de bullying, ou simplesmente desculpar os agressores. Mas precisamos entender que TODOS SOFREM com esta situação! E não basta separar os agressores, se distanciar, taxá-los de maus ou rejeitá-los.

De fato, muitas vezes as pessoas acabam assumindo diferentes destas posições – de agressor, vítima, testemunha – em diferentes situações. Quantos de nós já não participamos, consciente ou incidentalmente, de rechaçamentos grupais, seja de indivíduos ou de grupos? Um chefe que não era tolerado…

Um membro da família “pego para santo”, por suas atitudes irritantes, tidas como diferentes ou contra a “cultura” do grupo… Uma criança difícil… Um adolescente difícil… Portanto, é importante compreender o fenômeno de forma dinâmica – quem se posiciona de que forma nesta situação? Por que? O que sinaliza? E mais importante: Como podemos acolher o sofrimento de cada um envolvido nestas situações, e como ajudá-los a mudar de comportamento e diminuir o sofrimento? Uma mensagem há de ser clara: a agressão, a provocação, a discriminação deve ser INTOLERÁVEL, INACEITÁVEL!

Não podemos “acolher” o comportamento discriminatório! Mas acolhemos as pessoas envolvidas, acolhemos o sujeito por trás do comportamento inaceitável. Voltamos ao conceito de AMOR COM FIRMEZA – amar não é aceitar tudo. Amar dá trabalho! Mas o resultado vale a pena!

Grande abraço a tod@s, Sheila Skitnevsky Finger Instituto do Amor

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

MEC vai distribuir tablets a escolas públicas em 2012

O Ministério da Educação (MEC) vai distribuir tablets a escolas públicas a partir do próximo ano.

A informação foi divulgada na última quinta-feira, 1º, pelo ministro da Educação, Fernando Haddad, durante palestra a editores de livros escolares, na 15ª Bienal do Livro.

O objetivo, segundo o ministro, é universalizar o acesso dos alunos à tecnologia. Haddad afirmou que o edital para a compra dos equipamentos será publicado ainda este ano. “Nós estamos investindo em conteúdos digitais educacionais.

O MEC investiu, só no último período, R$ 70 milhões em produção de conteúdos digitais. Temos portais importantes, como o Portal do Professor e o Portal Domínio Público. São 13 mil objetos educacionais digitais disponíveis, cobrindo quase toda a grade do ensino médio e boa parte do ensino fundamental.” O ministro disse que o MEC está em processo de transformação. “Precisamos, agora, dar um salto, com os tablets.

Mas temos que fazer isso de maneira a fortalecer a indústria, os autores, as editoras, para que não venhamos a sofrer um problema de sustentabilidade, com a questão da pirataria.” Centenas de milhares Haddad não soube precisar o volume de tablets que será comprado pelo MEC, mas disse que estaria na casa das “centenas de milhares”. Ele destacou que a iniciativa está sendo executada em parceria com o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT).

“O MEC, neste ano, já publica o edital de tablets, com produção local, totalmente desonerado de impostos, com aval do Ministério da Fazenda. A ordem de grandeza do MEC é de centenas de milhares. Em 2012, já haverá uma escala razoável na distribuição de tablets.”


Fonte: Folha de SP. http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,mec-vai-distribuir-tablets-a-escolas-publicas-em-2012,767583,0.htm

Bolsa de Estudo

University of Illinois (Urbana and Champaign)

A quem se destina Estudantes e pesquisadores, brasileiros ou de outros países, desde que interessados em pesquisas focadas no Brasil. Objetivo Fomentar o desenvolvimento de um centro de pesquisas sobre o Brasil em uma universidade de excelente padrão acadêmico, promovendo o intercâmbio com faculdades e instituições brasileiras.

Como funciona Um fundo patrimonial criado em 2009 permitiu a abertura do centro de estudos, que irá oferecer bolsas a alunos e pesquisadores de diversas áreas, cujos estudos tiverem temas brasileiros como foco. Também estão previstos seminários e conferências internacionais sobre tópicos relacionados ao país. A inauguração do centro aconteceu em outubro de 2009.

Mais informações www.clacs.illinois.edu/lemann

A Dinâmica da Colaboração

Trabalho realizado no 1º Semestre, Web 2.0, Prof. Bruno Magalhães- CECIERJ

domingo, 4 de setembro de 2011

Guia para uma vida compartilhada



Peguei o título, e a ideia, da revista Fast Company, uma das parceiras da HSM Management. Trata-se de uma matéria muito interessante sobre a economia do compartilhamento, The Sharing Economy, que representaria, potencialmente, o fim do hiperconsumo. Há sites indicativos de uma tendência nesse sentido, de fato. Eles existem também no Brasil, mas, nos Estados Unidos, até por conta da crise, estão se alastrando razoavelmente rápido. E, se essa economia vingar, sua vida poderá ser a de tomar café da manhã com produtos plantados num terreno seu, depois vestir-se com roupas de segunda mão etc. etc Eu listei alguns sites que aparecem na Fast Company – vale a pena conhecer:
SHAREDEARTH.COM
Um dá o terreno, o outro planta e eles dividem a colheita.
THREDUP.COM
Para intercâmbio de roupas infantis e brinquedos.
ZIMRIDE.COM
Organiza o transporte compartilhado (a carona) para profissionais e estudantes.
FREECYCLE.ORG
Para reciclagem.
AIRBNB.COM
Para uns alugarem casas, quartos, iates dos outros.
LIQUIDSPACE.COM
Para encontrar – e compartilhar – espaços de trabalho.
RELAYRIDES.COM
Para compartilhamento de carros com os vizinhos (o mesmo carro, usuários distintos em horários distintos).
TASKRABBIT.COM
Casa a demanda de serviço com um fornecedor (o “rabbit”, coelho) – ah, como eu queria isso para encontrar um eletricista minimamente competente!
NEIGHBORGOODS.NET
Para vizinhos compartilharem tudo, de cortadores de grama a equipamentos esportivos.
GOBBLE.COM
Refeições compartilhadas entre vizinhos -meio que uma marmita entre amigos. Quem tiver um vizinho que cozinhe bem (tipo o Alex Atalla de vizinho) está feito.
BOOKCROSSING.COM
Para troca de livros. Tipo clube do livro?
LENDINGCLUB.COM
Calma, esse não é para dinheiro compartilhado. É para o dinheiro trocar provisoriamente de mãos a custos bem menores (coisas que costumamos fazer em família…)
No Brasil, tem disso para roupa de adultos. Porém é mais venda do que troca, escambo, compartilhamento. Ou estou enganada?
Outra coisa: a gente aprende, quando estuda economia, que quando surgiu a moeda, substituindo o escambo, isso representou uma evolução absurda, social inclusive. E aí? Essa tendência seria “retrocesso”?
PS- Preciso compartilhar uma aflição com vocês: “share” é um verbo tão fácil, gruda em tudo, vai com qualquer palavra; já “compartilhar”… É de lascar, diz que não.

Com influência dos games e da internet, os livros para tablets oferecem uma nova experiência de leitura



Publicado originalmente por Danilo Venticinque em Época

Na passagem da era analógica para a digital, poucos produtos mudaram tão pouco quanto o livro. Os e-books já são um sucesso, sem dúvida: nos Estados Unidos, o formato digital já é o mais vendido, superando os livros de capa dura, brochura e de bolso. Mas, até agora, dispositivos como o leitor digital Kindle, da Amazon, oferecem ao leitor uma experiência quase idêntica à dos livros de papel: letras pretas sobre um fundo branco, como o alemão Johannes Gutenberg concebeu há mais de cinco séculos e meio. A nova safra de livros para o iPad pretende revolucionar esse formato e transformar o hábito da leitura, incorporando vídeo e games aos textos e usando a capacidade multimídia dos tablets.

Nos últimos meses, dois grandes lançamentos interativos despertaram a atenção (e a euforia) das editoras para o potencial dos livros interativos. No campo da não ficção, o grande destaque foi o aplicativo Our Choice, continuação do documentário Uma verdade inconveniente, do ex-vice-presidente dos Estados Unidos Al Gore. Desenvolvido por Gore em parceria com o designer Mike Matas, Our Choice é organizado em capítulos, como um livro tradicional. Mas cada capítulo contém uma série de conteúdos interativos, áudio e fotos em alta definição, que podem ser ampliadas pelo leitor com um toque dos dedos. Os 19 capítulos de Our Choice também têm embutidos mais de uma hora de documentário. Um filme dentro do livro.

No campo da literatura, o aplicativo The Waste Land, baseado no poema homônimo de T.S. Eliot, demonstrou que mesmo textos consagrados têm algo a ganhar com a chegada da interatividade. Para desbravar um dos maiores e mais enigmáticos poemas do sécu-lo XX, o leitor conta com explicações para cada verso ao alcance dos dedos, sem prejudicar o fluxo da leitura. Entrevistas com gran-des escritores e críticos literários ajudam a esclarecer a importância do poema e do autor para a história da literatura. Os leitores que já são conhecedores e entusiastas de Eliot encontram outros atrativos, como duas gravações do poema na voz do autor e uma repro-dução de anotações feitas pelo poeta Ezra Pound nos originais de Eliot. O aplicativo foi criado em uma parceria da empresa de con-teúdo digital Touch Press com a editora britânica Faber & Faber. “‘The Waste Land’ é o poema ideal para ser transformado em apli-cativo porque é um texto curto sobre o qual há muito a ser dito”, afirma o cientista americano Theodore Gray, um dos fundadores da Touch Press. “Nós acreditamos que, acessando o conteúdo do aplicativo, o leitor vai compreender melhor e admirar mais o texto de Eliot do que se tivesse acesso a ele apenas no papel.”

Para textos clássicos como o de Eliot, reunir conteúdo multimídia e anotações de críticos parece ser a solução ideal para cativar o público no iPad. Mas há um limite para o grau de interatividade que deve ser oferecido ao leitor. Seria temerário transformar um texto consagrado em game ou infográfico 3D, sob o risco de deturpar a obra. Por isso, editoras interessadas em explorar ao máximo as funções multimídia dos tablets passaram a operar também do modo inverso. Além de converter para o formato digital textos já publicados no papel, a Touch Press encomenda a autores textos inéditos, criados exclusivamente para se adequar ao enorme poten-cial do conteúdo interativo.

O exemplo mais bem-sucedido desse modelo é o aplicativo Solar System, do astrônomo Marcus Chown, consultor da revista New Scientist. Para desenvolver o livro, foi criada uma equipe multidisciplinar de designers e programadores, na qual o autor era apenas mais um elemento. “Como autor de livros de papel, costumava ter controle total”, afirma Chown. “Trabalhar em Solar System foi uma experiência totalmente diferente. Alguns assuntos não en-traram por falta de imagens atraentes. Outros, que eu não colocaria no livro, entraram por render uma boa experiência interativa.” Os leitores parecem ter gostado: lançado no final do ano passado, o aplicativo já vendeu mais de 50 mil cópias por US$ 13,99 e ganhou versões em japonês e alemão.

Apesar da reação surpresa e entusiasmada do público e do mercado aos aplicativos recém-lançados, a história do livro interativo começou muito antes dos tablets. Na década de 1990, o americano Bob Stein foi um dos fundadores da Voyager, uma empresa que criava livros interativos em CD-ROM. Entre seus principais lançamentos estava a versão multimídia de O parque dos dinossauros. O livro criou burburinho na ocasião, mas a empreitada não foi bem-sucedida. O motivo? “As pessoas não estavam interessadas em ler textos longos na tela do computador, e a chegada da internet e seu conteúdo gratuito transformou os CD-ROMs em mau negócio”, diz Stein.

Agora, o cenário parece ter mudado. A leitura nos tablets é bem mais confortável que na tela do computador e a venda de conte-údo em lojas virtuais como a Apple Store barateia e facilita a compra das obras. Stein faz uma ressalva: “Os produtos que estão sendo lançados agora ainda têm um conceito parecido com os livros tradicionais e um sistema de pagamento semelhante. No futu-ro, as pessoas vão querer livros que envolvam interação social e estarão mais inclinadas a assinar serviços do que a pagar por produ-tos individuais”. Na corrida para a interatividade, alguns gêneros de livros saíram na frente. Usuários da loja de aplicativos da Apple já encontram dezenas de aplicativos infantis, que misturam áudio, vídeo e elementos de games ao texto. É uma estratégia das edito-ras para fisgar a atenção de um público acostumado a consumir conteúdo interativo desde os primeiros anos de vida. Um dos pri-meiros aplicativos do gênero em português é A Menina do Narizinho Arrebitado, baseado no livro homônimo de Monteiro Lobato. “Um livro interativo não é um jogo, mas torna a leitura mais divertida”, afirma Mauro Palermo, diretor da Globo Livros. “Toda a parte lúdica está ligada inteiramente ao texto.” Para a Bienal do Rio de Janeiro, em setembro, a editora deverá lançar outro título para iPad. A divisão infantil da Companhia das Letras também promete um lançamento para o segundo semestre.

Outra área em que os livros interativos já fazem sucesso é a educação. Nos Estados Unidos, a editora digital Inkling revolucionou o ensino de biologia ao transformar o Brooker biology, um livro-texto de 1.438 páginas, em uma série de aplicativos (um para cada capítulo) com infográficos em 3D, vídeos e testes interativos de aprendizado. Fundada por Matt MacInnis, um engenheiro formado em Harvard e ex-funcionário da Apple, a empresa quer chegar aos 100 aplicativos até agosto. Seus produtos já foram adotados por universidades consagradas, como a Brown.

Na corrida rumo à interatividade, os livros infantis e acadêmicos saíram na frente
No Brasil, os livros digitais chegaram à educação infantil com O cidadão de papel, um livro de Gilberto Dimenstein sobre direitos humanos muito adotado em salas de aula. A versão digital traz vídeos, infográficos e tabelas com estatísticas que são atualizadas automaticamente. “À medida que as escolas e universidades passarem a adotar esse tipo de aplicativo e subsidiar tablets para seus alunos, as editoras de livros educativos terão mais oportunidades”, afirma Youssef Mourad, da Digital Pages, empresa responsável pela migração deO cidadão de papel para o iPad.

Apesar das experiências de sucesso em alguns gêneros, outros ainda são um desafio para o mercado. “Não sabemos o que fazer para transformar um romance em algo interativo”, afirma Theodore Gray, da Touch Press. Para ele, os romances são livros que continuarão a fazer sucesso em leitores digitais como o Kindle, sem dar origem a aplicativos multimídia. A previsão de Bob Stein é mais sombria: “Se os romances não se tornarem interativos, correrão o risco de se tornar um gênero pouco popular, como a poesia”. Pode ser, mas se o cinema e os videogames não tornaram obsoleta a experiência clássica de leitura, é improvável que a fusão dos dois em livros digitais consiga fazê-lo.



A crença de que a felicidade é um direito tem tornado despreparada a geração mais preparada



Ao conviver com os bem mais jovens, com aqueles que se tornaram adultos há pouco e com aqueles que estão tateando para virar gente grande, percebo que estamos diante da geração mais preparada – e, ao mesmo tempo, da mais despreparada. Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque não sabe lidar com frustrações. Preparada porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia, despreparada porque despreza o esforço. Preparada porque conhece o mundo em viagens protegidas, despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida. E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada a criar a partir da dor.


Há uma geração de classe média que estudou em bons colégios, é fluente em outras línguas, viajou para o exterior e teve acesso à cultura e à tecnologia. Uma geração que teve muito mais do que seus pais. Ao mesmo tempo, cresceu com a ilusão de que a vida é fácil. Ou que já nascem prontos – bastaria apenas que o mundo reconhecesse a sua genialidade.

Tenho me deparado com jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma continuação de suas casas – onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente, que tudo concede. Foram ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queiram. E quando isso não acontece – porque obviamente não acontece – sentem-se traídos, revoltam-se com a “injustiça” e boa parte se emburra e desiste.

Como esses estreantes na vida adulta foram crianças e adolescentes que ganharam tudo, sem ter de lutar por quase nada de relevante, desconhecem que a vida é construção – e para conquistar um espaço no mundo é preciso ralar muito. Com ética e honestidade – e não a cotoveladas ou aos gritos. Como seus pais não conseguiram dizer, é o mundo que anuncia a eles uma nova não lá muito animadora: viver é para os insistentes.

Por que boa parte dessa nova geração é assim? Penso que este é um questionamento importante para quem está educando uma criança ou um adolescente hoje. Nossa época tem sido marcada pela ilusão de que a felicidade é uma espécie de direito. E tenho testemunhado a angústia de muitos pais para garantir que os filhos sejam “felizes”. Pais que fazem malabarismos para dar tudo aos filhos e protegê-los de todos os perrengues – sem esperar nenhuma responsabilização nem reciprocidade.

É como se os filhos nascessem e imediatamente os pais já se tornassem devedores. Para estes, frustrar os filhos é sinônimo de fracasso pessoal. Mas é possível uma vida sem frustrações? Não é importante que os filhos compreendam como parte do processo educativo duas premissas básicas do viver, a frustração e o esforço? Ou a falta e a busca, duas faces de um mesmo movimento? Existe alguém que viva sem se confrontar dia após dia com os limites tanto de sua condição humana como de suas capacidades individuais?

Nossa classe média parece desprezar o esforço. Prefere a genialidade. O valor está no dom, naquilo que já nasce pronto. Dizer que “fulano é esforçado” é quase uma ofensa. Ter de dar duro para conquistar algo parece já vir assinalado com o carimbo de perdedor. Bacana é o cara que não estudou, passou a noite na balada e foi aprovado no vestibular de Medicina. Este atesta a excelência dos genes de seus pais. Esforçar-se é, no máximo, coisa para os filhos da classe C, que ainda precisam assegurar seu lugar no país.

Da mesma forma que supostamente seria possível construir um lugar sem esforço, existe a crença não menos fantasiosa de que é possível viver sem sofrer. De que as dores inerentes a toda vida são uma anomalia e, como percebo em muitos jovens, uma espécie de traição ao futuro que deveria estar garantido. Pais e filhos têm pagado caro pela crença de que a felicidade é um direito. E a frustração um fracasso. Talvez aí esteja uma pista para compreender a geração do “eu mereço”.

Basta andar por esse mundo para testemunhar o rosto de espanto e de mágoa de jovens ao descobrir que a vida não é como os pais tinham lhes prometido. Expressão que logo muda para o emburramento. E o pior é que sofrem terrivelmente. Porque possuem muitas habilidades e ferramentas, mas não têm o menor preparo para lidar com a dor e as decepções. Nem imaginam que viver é também ter de aceitar limitações – e que ninguém, por mais brilhante que seja, consegue tudo o que quer.

A questão, como poderia formular o filósofo Garrincha, é: “Estes pais e estes filhos combinaram com a vida que seria fácil”? É no passar dos dias que a conta não fecha e o projeto construído sobre fumaça desaparece deixando nenhum chão. Ninguém descobre que viver é complicado quando cresce ou deveria crescer – este momento é apenas quando a condição humana, frágil e falha, começa a se explicitar no confronto com os muros da realidade. Desde sempre sofremos. E mais vamos sofrer se não temos espaço nem mesmo para falar da tristeza e da confusão.

Me parece que é isso que tem acontecido em muitas famílias por aí: se a felicidade é um imperativo, o item principal do pacote completo que os pais supostamente teriam de garantir aos filhos para serem considerados bem sucedidos, como falar de dor, de medo e da sensação de se sentir desencaixado? Não há espaço para nada que seja da vida, que pertença aos espasmos de crescer duvidando de seu lugar no mundo, porque isso seria um reconhecimento da falência do projeto familiar construído sobre a ilusão da felicidade e da completude.

Quando o que não pode ser dito vira sintoma – já que ninguém está disposto a escutar, porque escutar significaria rever escolhas e reconhecer equívocos – o mais fácil é calar. E não por acaso se cala com medicamentos e cada vez mais cedo o desconforto de crianças que não se comportam segundo o manual. Assim, a família pode tocar o cotidiano sem que ninguém precise olhar de verdade para ninguém dentro de casa.

Se os filhos têm o direito de ser felizes simplesmente porque existem – e aos pais caberia garantir esse direito – que tipo de relação pais e filhos podem ter? Como seria possível estabelecer um vínculo genuíno se o sofrimento, o medo e as dúvidas estão previamente fora dele? Se a relação está construída sobre uma ilusão, só é possível fingir.

Aos filhos cabe fingir felicidade – e, como não conseguem, passam a exigir cada vez mais de tudo, especialmente coisas materiais, já que estas são as mais fáceis de alcançar – e aos pais cabe fingir ter a possibilidade de garantir a felicidade, o que sabem intimamente que é uma mentira porque a sentem na própria pele dia após dia. É pelos objetos de consumo que a novela familiar tem se desenrolado, onde os pais fazem de conta que dão o que ninguém pode dar, e os filhos simulam receber o que só eles podem buscar. E por isso logo é preciso criar uma nova demanda para manter o jogo funcionando.

O resultado disso é pais e filhos angustiados, que vão conviver uma vida inteira, mas se desconhecem. E, portanto, estão perdendo uma grande chance. Todos sofrem muito nesse teatro de desencontros anunciados. E mais sofrem porque precisam fingir que existe uma vida em que se pode tudo. E acreditar que se pode tudo é o atalho mais rápido para alcançar não a frustração que move, mas aquela que paralisa.

Quando converso com esses jovens no parapeito da vida adulta, com suas imensas possibilidades e riscos tão grandiosos quanto, percebo que precisam muito de realidade. Com tudo o que a realidade é. Sim, assumir a narrativa da própria vida é para quem tem coragem. Não é complicado porque você vai ter competidores com habilidades iguais ou superiores a sua, mas porque se tornar aquilo que se é, buscar a própria voz, é escolher um percurso pontilhado de desvios e sem nenhuma certeza de chegada. É viver com dúvidas e ter de responder pelas próprias escolhas. Mas é nesse movimento que a gente vira gente grande.

Seria muito bacana que os pais de hoje entendessem que tão importante quanto uma boa escola ou um curso de línguas ou um Ipad é dizer de vez em quando: “Te vira, meu filho. Você sempre poderá contar comigo, mas essa briga é tua”. Assim como sentar para jantar e falar da vida como ela é: “Olha, meu dia foi difícil” ou “Estou com dúvidas, estou com medo, estou confuso” ou “Não sei o que fazer, mas estou tentando descobrir”. Porque fingir que está tudo bem e que tudo pode significa dizer ao seu filho que você não confia nele nem o respeita, já que o trata como um imbecil, incapaz de compreender a matéria da existência. É tão ruim quanto ligar a TV em volume alto o suficiente para que nada que ameace o frágil equilíbrio doméstico possa ser dito.

Agora, se os pais mentiram que a felicidade é um direito e seu filho merece tudo simplesmente por existir, paciência. De nada vai adiantar choramingar ou emburrar ao descobrir que vai ter de conquistar seu espaço no mundo sem nenhuma garantia. O melhor a fazer é ter a coragem de escolher. Seja a escolha de lutar pelo seu desejo – ou para descobri-lo –, seja a de abrir mão dele. E não culpar ninguém porque eventualmente não deu certo, porque com certeza vai dar errado muitas vezes. Ou transferir para o outro a responsabilidade pela sua desistência.

Crescer é compreender que o fato de a vida ser falta não a torna menor. Sim, a vida é insuficiente. Mas é o que temos. E é melhor não perder tempo se sentindo injustiçado porque um dia ela acaba.


(Eliane Brum) 

Jornalista, escritora e documentarista. Ganhou mais de 40 prêmios nacionais e internacionais de reportagem. É autora de Coluna Prestes – O Avesso da Lenda (Artes e Ofícios), A Vida Que Ninguém Vê(Arquipélago Editorial, Prêmio Jabuti 2007) e O Olho da Rua(Globo).